11 de Fevereiro - 4 min de leitura
Para o psicólogo, as relações sociais são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo do aluno.
Como em todas as áreas do conhecimento, na educação temos diversas teorias que ajudam a guiar o processo de ensino-aprendizagem conduzido nas escolas. Dentre os estudos mais conhecidos, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) tem a sua teoria como uma das mais discutidas na pedagogia contemporânea.
Para Vygotsky, a interação com o meio está diretamente ligada ao nosso desenvolvimento cognitivo. Em outras palavras, o desenvolvimento acontece de fora para dentro, a partir do momento em que a criança internaliza suas interações com o ambiente e com outros indivíduos.
Conheça mais sobre a teoria de Vygotsky neste artigo e entenda como ela pode ser aplicada na educação.
Essa é uma teoria sociointeracionista, ou seja, aponta a importância da interação do indivíduo com o meio. Dessa forma, é o contato com o ambiente, o convívio com outras pessoas e suas influências culturais que farão com que o indivíduo se desenvolva.
Vygotsky rejeitava tanto a ideia de que o indivíduo já nasce com as características que irá desenvolver ao longo da vida quanto a de que o homem é um produto do meio. Para ele, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem.
Segundo o teórico, todos nós nascemos com funções psicológicas elementares, e são nossas experiências e interações que nos permitem aprimorá-las. A partir daí, nos tornamos aptos a desenvolver um comportamento consciente e planejado, com pensamentos abstratos e ações propositais.
A teoria também destaca a linguagem como o nosso principal instrumento de representação simbólica. É a partir dela que conseguimos interagir, nos comunicar e nos fazer entender — e mesmo ela só é desenvolvida com o aprendizado. Ainda que tenhamos condições biológicas de falar desde o nascimento, só conseguimos ter consciência e discernimento sobre a fala quando aprendemos com os membros da comunidade.
E como tudo isso se encaixa em nosso contexto atual?
2020, sem dúvida, não foi um ano fácil para a educação. As interações e o contato que as crianças tinham (ou começariam a ter) com seus professores e colegas precisaram ser drasticamente modificados. Isso sem dúvida se reflete no aprendizado e na compreensão de mundo desses indivíduos. Afinal, é no ambiente escolar que começamos a associar nossas ações com o ambiente no qual estamos inseridos. E o professor, em seu papel de mediador, tem participação fundamental nesse processo.
Segundo Vygotsky, a criança precisa ser estimulada por atividades específicas para que haja o aprendizado, tendo a escola como esse espaço de vivência e o educador como elo entre aluno e conhecimento disponível.
O principal papel do professor é saber identificar a capacidade que cada aluno tem de fazer algo sozinho e o que ele tem potencial de aprender. O caminho entre essas duas habilidades é o que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal, um de seus principais conceitos. O educador, portanto, deve achar meios de explorar esse potencial de aprendizado a partir do cotidiano da criança, promovendo avanços que não aconteceriam sem a sua mediação.
Aqui é importante estar atento à capacidade de cada aluno. O estímulo deve ser suficiente para que ela atinja níveis de compreensão que ela ainda não domina, mas sem ultrapassar os seus limites pessoais para que ela não se sinta inferior ou incapaz de aprender. O contrário também é válido: com o ensino de algo que a criança já domina vem o desinteresse e a desmotivação.
Veja exemplos de como aplicar a teoria na rotina de sala de aula:
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